terça-feira, 3 de maio de 2011

Sensualidade: Veja como exercitar a sua


Acho que as reflexões que temos feito sobre o que torna a mulher sensual estão nos levando a algumas conclusões importantes. Uma delas é a de que despertar o desejo sexual por meio do estímulo visual é uma coisa bastante diferente de ser capaz de responder plenamente às intimidades eróticas. Esta segunda capacidade está relacionada ao crescimento interior, com a certeza de que a mulher tem autocontrole suficiente para se entregar aos prazeres sensuais sem se sentir ameaçada. É o prazer sexual pelo prazer em si, como parte integrante - ou não - de um envolvimento amoroso mais global.
Esta capacidade de se entregar às trocas de carícias sem restrições e preconceitos é muito bem recebida pelos parceiros e isto, é claro, faz um enorme bem à auto-estima das mulheres. Essa auto-estima alimenta-se das respostas que obtemos das pessoas que nos cercam, desde que respeitemos algumas emoções que levam as pessoas a dar respostas negativas a gestos que elas admiram. Estou me referindo principalmente à inveja de algumas mulheres e à insegurança de alguns homens.
Acontece que a auto-estima relativa à sensualidade das mulheres não está apenas na dependência das respostas que elas obtêm de seus parceiros nas relações íntimas. Infelizmente, somos muito influenciados pelo outro ingrediente - fortemente estimulado em nossa cultura atual -, a capacidade de despertar o desejo visual dos homens em geral. E aí a aparência física, a perfeição das formas, tem papel importante.
A mulher poderá fazer, portanto, sua auto-avaliação como figura sexual por dois caminhos distintos: por sua performance durante as relações ou por sua capacidade de atrair olhares de desejo. Se der crédito ao modo como o tema é encarado pela publicidade e à reação inicial dos homens, tenderá a dar maior importância ao segundo aspecto. A capacidade de despertar desejo visual é imediata, e também mais superficial, relacionada antes de tudo à questão da vaidade. Este caminho privilegia a mocidade e o corpo perfeito.
Aquelas que não se sentem em condições de entrar nesta competição se apagam, talvez porque não gostem de se sentir poderosas ou pelo medo do ridículo. Entre elas estão muitas adolescentes que se acham imperfeitas, além de mulheres adultas, principalmente as que se aproximam dos 50 anos de idade.
É verdade que, no que diz respeito à capacidade de despertar o desejo visual, elas perdem para as mais moças. Perdem um pouco por causa das marcas da idade e muito porque a percepção de que despertam menos olhares de desejo as faz inibidas, fechadas, com ar de senhora e roupas correspondentes.
O curioso é que é justamente com a maturidade que as mulheres atingem a plenitude sexual. Aquelas que forem capazes de construir sua auto-estima mais em função do que acontece nas relações íntimas tenderão a se conhecer como criaturas que estão vivendo o seu apogeu sexual e não a decadência - como acontecerá se a avaliação se der em função da aparência. Isto irá provocar um brilho e um vigor novos que transparecerão no modo de ser e de se portar. E mais: será captado pelos homens, que trarão de volta os olhares de desejo tão gratificantes à vaidade feminina. Está criada a mulher madura e sensual. E esta sensualidade não tem data para terminar.
Por Flávio Gikovate – psicoterapeuta

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Poder de sedução Uma reflexão sobre a sensualidade da mulher madura

Quero fazer algumas considerações sobre a mulher que é verdadeiramente sensual, e também sobre como se pode chegar a essa condição. Algumas – a exceção – são sensuais por natureza e desde a mais tenra idade. Mas a grande maioria vai se tornando mais sensual à medida que evolui no caminho da maturidade emocional. O escritor francês Honoré de Balzac sabia disso, tanto que louvou as virtudes eróticas da mulher de trinta anos.
A sensualidade verdadeira se expressa no modo de ser da mulher e se confirma na sua vida íntima. Em contrapartida, a exibicionista só “promete”. Esse tipo de mulher sofre de profunda imaturidade emocional, caracterizada por forte egoísmo e baixa tolerância às frustrações. Usa seus recursos intelectuais e sua sensualidade para obter o que necessita. A isso tenho chamado deinstrumentalização da sexualidade feminina – quando ela está a serviço de outros propósitos em vez do prazer.
A mulher madura é mais independente, emocionalmente auto-suficiente. Tolera melhor as frustrações inevitáveis da vida, e não precisa usar de subterfúgios para se livrar delas. Sua sexualidade fica livre para se exercer como fonte de prazer; não é instrumento ou arma que a ajudará a atingir outros objetivos. Poderá se exercer de modo lúdico, visando apenas à gratificação que a excitação sexual determina.
Com o tempo, a mulher vê sua razão se fortalecer. A maturidadevem acompanhada de um crescente autocontrole. Aquele medo que tantas adolescentes têm de não serem capazes de “domesticar” sua sexualidade vai cedendo lugar a uma sensação íntima de segurança; de que o desejo pode ser vivido com intensidade sem que isso signifique perda de controle sobre as próprias ações. A mulher se torna mais ousada na sua forma de ser e de vestir. Essa ousadia continua na intimidade, onde ela “arrisca” mais e se entrega ao gozo com mais liberdade. A experiência gratificante reforça mais a ousadia que sempre, insisto, se baseia no fortalecimento da razão.
Está composto agora um “círculo vicioso” positivo, onde a auto-estima cresce. A mulher se sente mais atraente e mais competente para a prática sexual. A isso se soma outro ingrediente fundamental, que é a menor preocupação com a perfeição física. Já afirmei que a obsessão com a beleza cria sentimentos de inferioridade em quase todas as moças. Aos poucos, elas vão percebendo “na carne” que beleza e sensualidade são coisas distintas. E que o que conta é a sensualidade, o poder de provocar o interesse e o desejo dos homens. Essa mulher madura, expansiva e exuberante é atraente para os homens com ou sem algumas rugas ou quilinhos a mais.
A idéia do “sexo não-instrumentalizdo” é captada por eles e lhes dá coragem para a abordagem, sem a impressão de estar caindo numa armadilha – refiro-me aos mais sensíveis; os mais grosseiros abordam todas, pois não temem armadilha nenhuma. A aproximação, inicialmente sexual, poderá ou não evoluir para um envolvimento mais consistente. Penso que temos de aprender a lidar com isso, pois a situação se inverteu nos últimos anos. Antigamente, as pessoas primeiro se comprometiam sentimentalmente para depois se ligar sexualmente. Hoje, o sexo faz parte das coisas que as pessoas querem conhecer para saber se irão desenvolver uma ligação emocional mais estável. Não há como brigar contra a realidade.
*Flávio Gikovate é médico psiquiatra, psicoterapeuta e escritor. Autor, entre outros livros, de "Ensaios sobre o Amor e a Solidão", "A Liberdade Possível" e "A Arte de Educar".