terça-feira, 21 de dezembro de 2010

COROAS - Jornal do Brasil Sociedade Aberta - Mirian Goldenberg

Quando fiz 40 anos entrei em uma crise profunda e inesperada. Fui, pela primeira vez, a uma dermatologista para que ela me receitasse algum hidratante e um filtro solar, produtos que nunca tinha consumido até então. Após um breve exame da minha pele, ela, observando atentamente meu rosto, perguntou: "Por que você não faz uma correção nas pálpebras? Elas estão muito caídas. Você vai ficar dez anos mais jovem." Sem me dar tempo para responder, continuou: "Por que você não faz um preenchimento ao redor dos lábios? E botox na testa para tirar as rugas de expressão? Você vai rejuvenescer dez anos." Paguei a cara consulta, que ficou mais cara ainda, pois provocou uma crise existencial que durou quase um ano. "Faço ou não faço a cirurgia nas pálpebras? E o preenchimento nos lábios? E o botox na testa? Se eu fizer tudo o que ela me recomendou, poderia ficar dez anos mais jovem. Eu sou culpada por estar envelhecendo. A culpa é minha!"
O mais surpreendente é que nunca havia tido esse tipo de preocupação antes dessa visita. Confesso que fico feliz quando dizem que pareço ser muito mais jovem do que realmente sou, especialmente quando os mais generosos (ou mentirosos) dizem que pareço ter 37 anos. A dermatologista me fez enxergar rugas e flacidez que antes eram invisíveis para mim e que, a partir de então, passei a desejar eliminar para "ficar dez anos mais jovem". Em minhas palestras e aulas, costumo dizer que tive e tenho muita vontade de fazer todos os procedimentos para o rejuvenescimento presentes no mercado. Digo, de forma irônica, que só não faço tudo o que gostaria por motivos profissionais: para não perder a legitimidade que conquistei como crítica dessa ditadura da juventude e da perfeição. Na verdade, não fiz e não faço, pois tenho muito medo de transformar o meu rosto, de não gostar de me ver com a face paralisada ou esticada demais. Gosto e me sinto muito bem com o corpo que tenho hoje e ainda não sinto o estigma de ser uma coroa.
Mergulhei profundamente na crise dos 40, saí dela após um ano de sofrimento e comecei a brincar com o fato de estar envelhecendo. Alguns anos depois, como forma de criar uma resistência política lúdica, inventei o grupo Coroas, composto por mulheres de mais de 50 anos. Tentei seduzir minhas amigas para participarem dele e todas recusaram veementemente. Algumas disseram: "Se for Coroas Enxutas eu participo." Outras: "Se for Jovens Coroas ou Coroas Gostosas, pode ser." A maioria reagiu indignada: "Eu não sou uma coroa!" Um amigo me disse que se eu nomeasse o grupo com K, Koroas, talvez tivesse mais sucesso, pois ficaria muito mais chique.
Após uma palestra em Copacabana, na qual defendi a criação do Coroas, um grupo de mulheres sugeriu que eu desse um curso intitulado "A arte de envelhecer, com Mirian Goldenberg" ou "Como ser uma coroa sem sofrer". Em uma reunião, em Porto Alegre, para pensar a criação de novos programas de televisão, sugeri que fosse feito um com o nome Coroas, mostrando a vida de diferentes mulheres comuns que passaram dos 50 anos. Apesar de todos gostarem muito da idéia, ela não se efetivou.
E assim, até hoje, sou a fundadora e única integrante do grupo Coroas. Em todos esses anos de tentativas frustradas de difundir a idéia do Coroas, percebi que é mais fácil criar um grupo com indivíduos que são explicitamente estigmatizados do que com aqueles que podem e querem esconder o possível estigma. Um bom exemplo é o do grupo Criolinhas, estudado em dissertação de mestrado por uma aluna. As adolescentes negras pesquisadas passaram a usar um termo usual de acusação, criola, como categoria de afirmação de uma identidade valorizada por elas. Eu queria fazer o mesmo com o termo coroa: transformar uma categoria de acusação em uma identidade valorizada positivamente por todas as mulheres que estão envelhecendo. Mas o fato de o estigma poder ser encoberto, o fato de as mulheres de mais de 50 anos acharem que não são coroas ou que podem parecer mais jovens do que realmente são e o fato de não se sentirem valorizadas socialmente ao assumirem a própria idade impossibilitaram a criação do meu grupo.
Como não consegui, até hoje, viabilizar a existência do grupo Coroas, do programa de televisão ou de qualquer outra idéia semelhante, resolvi que o meu livro mais recente teria como título Coroas. Assim, me assumi publicamente como fundadora, única integrante e militante ativa do grupo Coroas e também apresentei algumas reflexões iniciais sobre o envelhecimento feminino. O título é resultado do questionamento permanente sobre o significado de ser mulher na cultura brasileira e é, também, uma forma de resistência política. Busco desestigmatizar a categoria coroas e combater todos os estereótipos e preconceitos que cercam a mulher que envelhece.
Coroas sem adjetivos e sem K. Simplesmente Coroas.
MIRIAN GOLDENBERG - antropóloga, professora da UFRJ e autora de "Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade" (Ed. Record)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Cafas: por que não eles?

Ai, os cafajestes. O que seriam das mulheres sem esses seres repugnantes e incrivelmente fascinantes. Sim, os cafajestes. Aqueles que te fazem sofrer, chorar e jurar que você nunca mais se envolverá com ninguém. Aqueles que um dia depois de ter levado você aos céus, a jogará no inferno sem direito a uma breve estadia no purgatório, sem direito a misericórdia.
Eu desconfio que os cafas são tão atraentes porque eles desafiam a nossa natureza competitiva. É muito mais prazeroso dizer que o cafa está no seu pé há semanas do que dizer que aquele carinha fofo não desencana. Obviamente, porque para cada cafa existe, no mínimo, outras duas rivais. Conquistar o cafa é vencer todas elas sem descer do salto agulha.
Os cafas são predadores perfeitos, sempre prontos para atacar. E o que eu acho mais incrível é que a natureza simplesmente age a favor deles. Cafas são incrivelmente lindos, tem uma voz sedutora, são atenciosos, divertidos, inteligentes. Os cafas ouvem a mulher e lembram dos assuntos conversados posteriormente, só para que ela se sinta confiante. Os cafas sabem como segurar uma mulher, envolvê-la nos braços, aconchegá-la em seu peito. Os cafas ligam no dia seguinte, eles olham nos olhos e sabem o momento exato de beijar. Aliás, os cafas não beijam, eles avançam até um limite tentador para que nós os beijemos.
Confesso que entendi arte que existe em ser um cafa depois que descobri que os homens poderiam ser os melhores amigos de uma mulher. Ah, isso é outra coisa que as pessoas ignoram: eles são fiéis aos seus amigos, mesmo que elas sejam mulheres. Se um cafa tem consideração por você, ele não vai poupá-la de todos os detalhes sórdidos de sua vida, irá apresentá-la a um mundo totalmente obscuro, habitado por mulheres recalcadas. Dizem as más línguas que os cafas foram os responsáveis pela revolta das mulheres que na década de 60 assumiram uma postura feminista diante do mundo, queimando sutiãs em praça pública.
As promessas de um cafa podem revolucionar o mundo!
Por favor, não confunda um cafa com um pegador. Cafas podem ser pegadores, mas os pegadores jamais serão cafas. Pegadores são meros aspirantes: impressionam pelo visual, têm a pegada, mas são broxantes quando abrem a boca. Em geral, pegadores servem para fim de festa e, invariavelmente, recebem telefones errados. Fato!
Eu realmente nunca pude culpar um cafa por falsas promessas. Até porque, depois de anos fazendo parte do convívio deles, acho que já consigo reconhecer os sinais. O que eu costumo dizer é o seguinte: mulheres são iludidas por natureza, é incorrigível essa nossa habilidade de fantasiar finais felizes. Então, pra quê temer o cafa? É mais provável que você se decepcione pelo excesso de expectativa do que pelo moço, propriamente dito.
Se acontecer de um cafa entrar a sua vida, relaxe e curta o momento. O máximo que pode acontecer é você precisar sufocar a saudade com algumas barras de chocolate

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

SOBRE A INVENÇÃO DO CASAL de Miriam Goldenberg

Estive esta semana buscando artigos interessantes para postar aqui e me deparei com este “ SOBRE A INVENÇÃO DO CASAL” de Miriam Goldenberg a Antropóloga e professora do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Autora de A Outra, Toda mulher é meio Leila Diniz, A arte de pesquisar, Os novos desejos, Nu & Vestido, De perto ninguém é normal, Infiel: notas de uma antropóloga, O corpo como capital, Coroas: corpo, envelhecimento, casamento e infidelidade, Noites de Insônia: cartas de uma antropóloga a um jovem pesquisador, Por que homens e mulheres traem?, Intimidade. Mirian Goldenberg tem orientado dezenas de pesquisas nas áreas de gênero, desvio, corpo, sexualidade e novas conjugalidades na cultura brasileira.
Ou seja ela entende mesmo da coisa, e calculei que possa interessar as minhas amigas e seguidoras, pois a proposta é colocar aqui as observações da vida aos meus 50 anos.
Com o objetivo de estudar as representações existentes sobre os papéis femininos e masculinos, sobre conjugalidade e sexualidade, na cultura brasileira. Ela busca analisar, particularmente, as dificuldades atuais nos relacionamentos afetivo-sexuais e as perplexidades masculinas e femininas com relação aos papéis de gênero. Durante anos, tem se preocupado em pesquisar a identidade masculina e feminina na cultura brasileira, tomando como foco os relacionamentos afetivo-sexuais. As reflexões feitas por ela são as seuintes: por que é tão difícil ser feliz a dois? Por que, necessariamente, os relacionamentos naufragam ou se tornam burocráticos, sem prazer e sabor? Por que a atração sexual diminui drasticamente ou acaba durante o casamento? Por que homens e mulheres, casados ou solteiros, parecem tão infelizes e insatisfeitos com suas vidas amorosas. O que fazer?
Daqui para frente seue o artio de Miriam e suas conclusões:
Objetivo da pesquisa:
Pensar sobre as representações existentes sobre conjugalidade e sexualidade na cultura brasileira. Busco analisar, particularmente, as atuais dificuldades dos relacionamentos afetivo-sexuais e as expectativas masculinas e femininas com relação aos papéis de gênero.

A linha de pesquisa, que venho desenvolvendo desde 1988, permite refletir sobre a construção social da identidade feminina e masculina em nosso país, a partir deste enfoque. Ao escolher a trajetória de Leila Diniz como tema de tese de doutorado estava concluindo um estudo, realizado com a socióloga Moema Toscano (1992), sobre o movimento feminista no Brasil e suas conseqüências nas mudanças sociais dos papéis femininos e masculinos. Na minha tese Toda Mulher é Meio Leila Diniz: gênero, desvio e carreira artística também discuto as transformações dos papéis femininos na sociedade brasileira. Ao compreender os comportamentos femininos que Leila Diniz passou a personificar, busquei entender a concorrência existente, na época em que ela viveu (1945-1972), entre padrões femininos considerados “normais” e outros percebidos como “desviantes”. Para tanto, os trabalhos de Erving Goffman (1975) e Howard Becker (1966) sobre comportamentos desviantes e estigma foram essenciais, assim como os trabalhos desenvolvidos por Gilberto Velho sobre as camadas médias intelectualizadas no Rio de Janeiro, que apontam as transformações que vêm ocorrendo, nas últimas décadas, no comportamento sexual e na família brasileira. Também o trabalho de Roberto Da Matta (1983) foi fundamental em minhas análises. Da Matta constata que no Brasil a mulher tem uma posição ambígua, com duas figuras paradigmáticas lhe servindo de modelo: a da “Virgem-Mãe” (a mulher que tem sua sexualidade controlada pelo homem; a “santa”, a “mulher da casa”) e a da “puta” (a mulher que não é controlada pelos homens, a “mulher da vida”, a “mulher da rua”), a quem é negado o direito de ser mãe. Esta polarização entre a representação da mulher como “santa” ou “puta” foi bastante desenvolvida na minha pesquisa sobre a trajetória de Leila Diniz, assim como em estudos anteriores sobre a identidade da amante do homem casado (Mirian Goldenberg, 1991 e 1997).
Nunca, como hoje, se debateu, tão ampla e democraticamente, a posição da mulher e do homem na sociedade brasileira. São inúmeras as questões, mas irei me deter no relacionamento afetivo-sexual, uma preocupação crescente não só de antropólogos ou sociólogos, mas de psicólogos, jornalistas, educadores, entre outros.
UM OLHAR SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES DOS PAPÉIS DE GÊNERO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS

O final da década de 1960 e início da década de 1970 são marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira. Como lembram Albertina Costa e Cristina Bruschini (1992) na década de 1970 e, principalmente, na seguinte, a produção acadêmica sobre a questão de gênero é “invejável”. Estes estudos buscam desreificar a idéia de “natureza” feminina (e masculina) e reforçar a concepção de que as características peculiares à mulher (e ao homem) são, na verdade, socialmente construídas. Cada cultura apropria-se de uma distinção biológica (macho/fêmea), seleciona alguns fatos naturais (como, por exemplo, a função reprodutiva da mulher) e os exacerba, naturalizando funções que são produtos de uma determinada educação e socialização. Utilizo, assim, o conceito de gênero (cf. Joan Scott,1990) para desnaturalizar os papéis e identidades atribuídos ao homem e à mulher. Diferencio o sexo (a dimensão biológica dos seres humanos) dogênero (uma escolha cultural, arbitrária, um produto social e histórico).
O movimento feminista, que estava sendo organizado na Europa e nos Estados Unidos, começou a repercutir no Brasil. Os jornais, as revistas, o cinema, o teatro e a televisão passaram a dar espaço para as reivindicações das mulheres. O denominador comum das lutas feministas foi o questionamento da divisão tradicional dos papéis sociais, com a recusa da visão da mulher como o “segundo sexo” ou o “sexo frágil”, cujo principal papel é o de “esposa-mãe”. As feministas reivindicavam a condição de sujeito de seu próprio corpo, buscando um espaço próprio de atuação profissional e política.
A difusão da psicanálise contribuiu fortemente para a rejeição das práticas que eram percebidas como autoritárias e repressivas e para o questionamento da obrigatoriedade de exercer a sexualidade dentro dos limites do casamento legítimo. O tom da mudança social foi dado pela reivindicação de igualdade na esfera pública e privada e pela recusa de morais sexuais diferentes para homens e mulheres. Neste período, as mulheres viveram com intensidade o dilema de “mudar” ou “permanecer”, coexistindo um padrão tradicional de ser mulher (a “virgem” e “esposa-mãe”), voltado para o mundo doméstico, e um novo modelo de mulher que trabalha, que atua politicamente, que busca o prazer sexual. Estavam em disputa diferentes modelos de “ser mulher”: o religioso, que exige da mulher a negação de sua sexualidade (virgindade) ou a contenção de seu exercício nos limites do casamento (tendo como fim a procriação); e outro, que pode ser pensado como o mais próximo do difundido pela psicanálise e pelas lutas feministas, que busca a igualdade entre homens e mulheres, defendendo o controle sobre sua própria vida.






O MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL


Ao se pensar na produção acadêmica sobre a mulher brasileira nas últimas décadas, é preciso antes fazer uma retrospectiva do movimento feminista em nosso país. As transformações dos papéis e comportamentos femininos, nas últimas três décadas, contribuiram enormemente para que as mulheres brasileiras assumissem novos espaços no mundo público, tanto no mundo profissional quanto no político.


É preciso não esquecer que certos aspectos de nossa formação cultural e econômica explicam porque, entre nós, o movimento feminista se apresentou, desde o início, como um reflexo do que acontecia nas sociedades mais industrializadas, como a Europa e os Estados Unidos. Ao mesmo tempo, este movimento no Brasil apresentou particularidades que explicam a inserção da mulher na vida pública. O feminismo no Brasil não foi uma mera reprodução de modelos americanos ou europeus, e suas especificidades só podem ser compreendidas no contexto da nossa formação histórica e da situação de dependência dos centros hegemônicos a que o Brasil esteve atrelado desde a colonização.
A escravidão, a tardia emancipação do centro de dominação, o modelo fundiário desenvolvido pelo colonizador português e a influência da Igreja Católica como força política e instrumento de controle social são alguns dos elementos que permitem compreender as peculiaridades das lutas das mulheres brasileiras. São estes elementos que ajudam a entender, também, o patriarcalismo e o conservadorismo dos homens brasileiros. Esse conservadorismo se manifestava sempre que alguma mulher tentava inovar algum costume, mesmo no comportamento cotidiano (como o comprimento das saias, o corte dos cabelos ou as danças mais descontraídas). O que comandava esse conservadorismo era o medo de que tais atos de ruptura com os padrões tradicionais se refletissem sobre a família, “célula básica da sociedade, da qual a mulher era fiel guardiã.”
No período entre o final do Segundo Império e a Primeira Grande Guerra, o Brasil passou por mudanças significativas, tais como: a intensificação das relações internacionais (protagonizada pelas camadas de renda mais alta, por meio de viagens ao exterior e troca de correspondência com intelectuais de outros países) e o grande fluxo migratório do Velho Continente. Estas mudanças semearam idéias que, até então, eram restritas a pequenos grupos de intelectuais. As idéias feministas vieram no bojo deste movimento, refletindo o que ocorria na Europa, cuja tônica era a luta pela participação da mulher na vida pública e nos centros de decisão.
No entanto, toda essa reação conservadora não foi capaz de deter a luta de alguns grupos de mulheres vanguardistas. A influência dos modelos de países do centro do sistema capitalista (que o cinema, o rádio e a literatura reforçavam) fazia-se cada vez maior. Por maiores que fossem as resistências, as mudanças aconteciam, atingindo um universo cada vez mais amplo e afetando diferentes instâncias da sociedade e da família. O direito ao voto (1932) e a legislação trabalhista de proteção ao trabalho feminino (1932 e 1943, com a consolidação das leis do trabalho) são exemplos destas transformações. Esse primeiro momento do feminismo organizado não se caracterizava por ser revolucionário ou abertamente contestatório. Ao contrário, na maior parte dos estatutos das primeiras organizações de mulheres estão registradas a intenção de manter-se fiel aos princípios da ordem e da harmonia social. O conteúdo de suas reivindicações restringia-se à conquista de novos espaços no mercado de trabalho e à luta pela igualdade entre homens e mulheres. As feministas de então repudiavam a discussão sobre a sexualidade feminina, preferindo o caminho das reivindicações de cunho mais estritamente político ou trabalhista.


As resistências ao feminismo foram agravadas pelo radicalismo que caracterizou um certo momento da luta das mulheres, nos Estados Unidos e na Europa. Por muito tempo, associou-se a esta luta o que foi apenas um de seus episódios, que foi a queima de sutiãs em praça pública. Este momento foi muitas vezes usado para ridicularizar o movimento feminista por aqueles que não compreenderam a simbologia de que estava carregado. A feminista Heleieth Saffioti, em depoimento para o livro A Revolução das Mulheres, lembra o significado deste ato:
Os movimentos feministas só são o que são hoje porque foram o que foram no passado. Hoje nós podemos questionar as bases do pensamento ocidental porque houve um grupo de mulheres que queimou sutiãs em praças públicas. O sutiã simbolizava uma prisão, uma camisa- de-força, a organização social que enquadra a mulher de uma maneira e o homem de outra. A simbologia é essa: vamos queimar a camisa-de-força da organização social que aprisiona a mulher (Saffioti, Heleieth).
A produção teórica, nacional e estrangeira, sobre a condição feminina começou a aparecer com força crescente no Brasil. Por essa época, as revistas femininas começaram a modificar o conteúdo de suas matérias, que até então eram sobre culinária, corte e costura, moda, decoração e beleza. A grande protagonista dessa mudança foi a jornalista Carmen da Silva que, de 1963 até a sua morte (em 1985), escreveu a coluna “A arte de ser mulher” na revista Cláudia. Nesta coluna, Carmen da Silva estimulava o questionamento do papel tradicional feminino, enfatizava a busca de auto-realização, do engajamento político e profissional da mulher brasileira.
Os anos 70 marcaram uma reviravolta no movimento feminista, que passou a colocar como um dos eixos da sua luta a questão da relação homem-mulher e a necessidade de reformulação dos padrões sexuais vigentes. Os acontecimentos de maio de 1968, na França e na Alemanha, foram um marco importantíssimo nessa transformação. A questão do “específico feminino” se insere nesse clima de contestação geral. A falta de representatividade feminina nas áreas de poder, as desigualdades no mercado de trabalho e no plano educacional propiciaram um clima de inquietação que logo se traduziria em forte predisposição para uma ação política organizada.
Com as conquistas femininas consolidadas nas últimas décadas transformamos nossas vidas públicas e privadas. No entanto, é preciso reconhecer que muitas mulheres ficaram mais estressadas, mais competitivas, preocupadas com necessidades que não preocupavam tanto as mulheres de antigamente, como dinheiro, consumo, sucesso, carreira… Criamos novas exigências, novos desejos, novas ambições e novas culpas. Buscamos novas experiências, brigamos mais e, muitas vezes, nos sentimos profundamente solitárias.


A feminista americana Betty Friedan responde a esta angústia ao alertar a mulher dos anos 90: “Cuidado com o retorno da nostalgia dos dias simples em que a mulher não tinha escolha. Em meio ao medo e até ressentimento das difíceis escolhas que a mulher enfrenta hoje, cuidado com a tentação a acreditar que é possível, e desejável,retroceder. Temos de formular novas perguntas para nos livrar de conflitos desnecessários antes de poder resolver problemas reais, dos quais nos esquivamos, sustentando ilusões de escolha, onde a escolha não existe. É perigoso para as mulheres se iludirem sobre a existência de uma escolha real que pode evitar os problemas complexos que encaram hoje em dia ao tentar uma nova configuração para a família, para o trabalho e para o amor”.

HOMEM-MULHER: UMA DIFÍCIL CONVIVÊNCIA
Durante anos, tenho me preocupado em pesquisar a identidade masculina e feminina na cultura brasileira, tomando como foco os relacionamentos afetivo-sexuais. Acredito que esta preocupação científica é reflexo de uma questão existencial mais complexa: por que é tão difícil ser feliz a dois? Por que, necessariamente, os relacionamentos naufragam ou se tornam burocráticos, sem prazer e sabor? Por que a atração sexual diminui drasticamente ou acaba durante o casamento? Por que homens e mulheres, casados ou solteiros, parecem tão infelizes e insatisfeitos com suas vidas amorosas? O que fazer?


Apesar de inúmeras pesquisas, resenhas, artigos e livros publicados, ainda não consegui descobrir o segredo do sucesso de alguns relacionamentos que “dão certo”, enquanto a maioria dos mortais vive o “fracasso conjugal”.
As queixas se multiplicam e as respostas não aparecem. A busca de terapias tradicionais ou alternativas cresce criando um mercado de infelicidade bastante rentável. Livros de auto-ajuda vendem, aos milhões, ensinando que o sucesso é ser feliz. Remédios milagrosos prometem a felicidade e o prazer instantâneos. Encontros virtuais substituem a difícil convivência de um casal. Cada vez mais, a grande imprensa e a televisão debatem a questão. Apesar da evidência de um problema generalizado, ainda são poucos os estudos científicos que ajudam a compreender esta epidemia de insatisfação amorosa. A exacerbação do individualismo, e a reivindicação de espaço e de realização pessoal têm anulado qualquer possibilidade de tolerância necessária para uma convivência pacífica dentro de quatro paredes.


Não existe muita clareza do que é considerado norma ou desvio nos relacionamentos conjugais. Ao mesmo tempo em que sobrevive, em cada um de nós, um modelo de família nuclear (pai-mãe e filhos), a realidade nos mostra inúmeras formas de relacionamentos afetivo-sexuais inimagináveis há poucos anos atrás. O mesmo ocorre com os modelos de masculinidade e feminilidade. Nunca, como hoje, homens e mulheres foram tão parecidos em comportamentos, visões de mundo e desejos. É verdade que algumas diferenças permanecem, principalmente no espaço privado. As divisões sexuais do trabalho doméstico continuam pendendo para o lado da mulher. Não podemos culpar apenas os homens por este foco de resistência às mudanças de gênero.
Uma resposta fácil para esta dificuldade de convivência é a maior autonomia e independência feminina, relativamente recentes, resultado da sua imersão no mercado de trabalho. As mulheres passaram a exigir muito mais de seus relacionamentos afetivo-sexuais. Quanto mais independente economicamente é a mulher, mais exigente ela se torna com o seu parceiro amoroso. O quadro atual do trabalho feminino demonstra que não são poucas as mulheres que podem “escolher” livremente um relacionamento amoroso de acordo com os seus desejos. O conceito de “campo de possibilidades” (cf. Gilberto Velho, 1981) explica muito bem quem pode e quem não pode “escolher” na sociedade brasileira, e por quê. Capas recentes de revistas brasileiras e americanas mostram que as mulheres não querem mais casar a qualquer preço. Preferem viver sós do que malacompanhadas e têm mais medo da solidão a dois do que da vida sem um parceiro amoroso. Por outro lado, também é possível detectar um movimento de mulheres que preferem largar o trabalho e cuidar só da casa e dos filhos, se o marido puder sustentar a família com o seu salário. São as chamadas “mulherzinhas”, que não têm vergonha de abrir mão da autonomia e da realização profissional porque se sentem mais felizes protegidas dentro do lar. Parece estranho que na sociedade ocidental moderna valores tão antagônicos convivam aparentemente sem conflitos.



Outro problema é a excessiva valorização da sexualidade presente na sociedade brasileira que obriga todos, mesmo aqueles que já estão casados há dezenas de anos, a sentirem atração sexual por seus parceiros como dois recém-casados. Muitos casais que poderiam ser felizes, como amigos e amantes, sentem-se bombardeados pela propaganda do sexo e passam a questionar a sua felicidade sexual, comparando-a com a de outros casais imaginários. A fantasia parece mais real do que a própria realidade e a sensação de que estamos longe da felicidade possível nos traz insatisfação. Será que só existem relações doentes, neuróticas, dependentes, compulsivas, infelizes, medíocres fora das novelas das oito?
Escuto, muito freqüentemente, em minhas pesquisas um mesmo tipo de reclamação. Em debates em que participo, aulas, conversas informais, sempre aparece a mesma queixa: nada mudou depois de tantas discussões e brigas entre os sexos, na verdade, tudo ficou muito pior. Essa queixa vem tanto de mulheres quanto de homens esclarecidos, que acreditam que os desencontros atuais, as inúmeras separações e a insatisfação masculina e feminina são os principais resultados do movimento de libertação da mulher dos anos 60 e 70. Afinal, dizem eles, parece que os homens e as mulheres falam línguas diferentes, desejam relacionamentos incompatíveis e não conseguem conviver sem um clima permanente de guerra. Enquanto a principal queixa dos homens é a de que as mulheres são muito exigentes, reclamam de tudo, e eles não conseguem satisfazê-las nunca (por mais que tentem); as mulheres reclamam que falta homem interessante no “mercado” e que os poucos que existem são muito ausentes e prestam mais atenção ao jogo de futebol do que às necessidades femininas.
Parece-me que quem reclama que nada mudou (ou que piorou) não consegue enxergar em sua própria vida as transformações da relação homem-mulher nas últimas duas décadas. Acreditam que por não terem ainda uma relação totalmente satisfatória e igualitária, não têm nada. É zero ou cem. Como não mudou tudo, então não mudou nada. Não percebem que séculos de uma cultura escravagista e de silêncio feminino não mudam em dez ou vinte anos e que mais do que uma ruptura definitiva com o passado, estamos vivendo um processo, até bastante acelerado, de transformações dos papéis masculinos e femininos na sociedade brasileira. Existe, também, uma certa nostalgia do passado, quando os papéis destinados a homens e mulheres eram muito melhor delimitados, em casa e na rua. Era muito mais fácil saber o que se ia ser quando crescer: variações em torno de pai, médico, engenheiro ou advogado; esposamãe, dona-de-casa ou professora primária. O sonho era ter uma casinha, filhos saudáveis, uma geladeira branca, um telefone preto e um carro Ford ou Chevrolet de segunda mão. A sociedade atual não permite sonhar com o futuro, preocupados que estão todos de viver hedonisticamente o presente, consumindo ao máximo, bens materiais e relações afetivo-sexuais.
É fácil constatar que homens e mulheres mudaram profundamente, mas que muitos estereótipos sobre os sexos ainda permanecem. Para muitas mulheres, todos os homens são “galinhas”, têm inúmeras parceiras sexuais ao longo de suas vidas e não perdem uma oportunidade de ter novas aventuras. Estudos recentes mostram que a realidade não é bem assim. São muitos os homens que tiveram poucas parceiras sexuais e que não repetem o comportamento tradicional masculino de dissociar a esposa da amante, a mãe de seus filhos da prostituta ou da mulher que tem prazer sexual. Enquanto isso, o estereótipo da mulher como vítima indefesa e frágil continua sendo alimentado por homens e mulheres. A coitadinha que não pode enfrentar as dificuldades do mundo profissional e político e precisa ser permanentemente defendida por homens fortes e poderosos.
A preocupação atual de muitos pesquisadores de gênero é refletir sobre o que existe de novo nessa discussão. Acredito que muito mais pode ser acrescentado a esta discussão, desde que todos os envolvidos deixem de lado a postura de vítimas, para enxergar as transformações sociais que estão ocorrendo e pelas quais somos todos responsáveis.

O QUE FAZER?
Mas se mudou tanto, porque ambos continuam insatisfeitos? Penso que a insatisfação permanente é inerente ao ser humano e não haverá nunca um relacionamento perfeito para os dois. Considerar a insatisfação como uma prova de que nada mudou me parece algo extremamente ingênuo.
Afinal, o que quer a mulher? E, como conseqüência desta pergunta clássica de Freud, o que quer o homem? Após mais de vinte anos de intensos debates sobre a desigualdade entre homens e mulheres, o que realmente mudou na sociedade brasileira e o que permanece o mesmo?
Acredito que a relação entre homens e mulheres mudou muito e mudou para melhor.
Simone de Beauvoir afirmou, em O Segundo Sexo, que o casal equilibrado não é uma utopia. Ela acreditava que alguns casais são unidos por um grande amor sexual que os deixa livres em suas amizades e ocupações; outros são ligados por uma amizade que não proíbe sua liberdade sexual; e outros ainda são, ao mesmo tempo, amigos e amantes, mas sem procurar um no outro sua razão exclusiva de viver. Assim, numerosas possibilidades existem nas relações de um homem com uma mulher: a camaradagem, o prazer, a confiança, a ternura, a cumplicidade, o amor. A célebre feminista acreditava que não são os indivíduos os responsáveis pelo malogro do casamento, mas a própria instituição, desde a origem, pervertida. Declarar que um homem e uma mulher devem se bastar de todas as maneiras durante toda a vida é uma monstruosidade que engendra necessariamente hipocrisia, mentira, hostilidade, infelicidade. Simone de Beauvoir apostava em casais equilibrados, em que as noções de vitória e derrota dariam lugar a uma idéia de reciprocidade. É a própria Simone quem nos dá a chave para essa discussão, quando diz que interessando-se pela transcendência, superação e expansão dos indivíduos, ela não se preocupa com a questão da felicidade, já que não se sabe muito bem o que esta categoria significa, e sim da liberdade. Liberdade e reciprocidade me parecem as categorias que melhor representam as profundas transformações que resultaram nos atuais arranjos afetivo-sexuais entre homens e mulheres.


No lugar das antigas categorias utilizadas pelas feministas, e disseminadas para a sociedade em geral, como luta por igualdade e reivindicação dos direitos da mulher, temos hoje novas idéias que expressam melhor o que efetivamente ocorre no cotidiano de um casal, como respeito às diferenças e ao espaço do outro, negociação diária, diálogo permanente, troca, crescimento mútuo. Muito mais do que modelos sociais a serem reproduzidos, homens e mulheres têm que inventar suas formas de parceria amorosa. Casar, separar, casar de novo, namorar, cada um na sua casa, ter um(a) amante, ter um filho sem casar... São tantas as possibilidades que a escolha parece cada vez mais difícil.
Cada um de nós, mesmo vivendo alternativas vanguardistas de conjugalidade, convive interiormente com um modelo tradicional de família e de casamento. A forma tradicional de relacionamento afetivo-sexual vem sofrendo inúmeras modificações, mas o casamento continua a constituir um problema que homens e mulheres sentem de maneira diferente. Trocamos a segurança e a estabilidade das relações antigas pela batalhapermanente. Hoje, mais do que nunca, homens e mulheres são quase iguais, escolhem- se mais livremente, podem muito mais facilmente separarse, há entre o casal menor diferença de idade e de cultura do que antes, cada parceiro reconhece com maior boa vontade a autonomia e espaço que o outro reivindica, algumas vezes partilham em igualdade de condições os cuidados da casa e dos filhos, têm amigos, prazeres e distrações comuns. A mulher não passa mais os dias em casa esperando a volta do marido, o marido não espera ser o único responsável econômico da família nem alguém que deve ser sempre forte e potente. A fidelidade que é valorizada pelos casais, é baseada não em prescrições morais, mas em uma disposição consciente de pessoas que se amam, que exigem direitos iguais no domínio da sexualidade e que têm medo de destruir um relacionamento amoroso em função de uma aventura. As expectativas do casal são tão grandes que são quase impossíveis de realizar. Assim, os casamentos são mais facilmente desfeitos e novos casamentos se realizam. Acontece o que pode ser chamado de casamentos monogâmicos sucessivos, uniões em que os pares são fiéis e vivem intensamente tudo de forma partilhada, mas cuja duração não ultrapassa alguns poucos anos.

Fazemos parte de uma geração de transição, que aposta e investe em uma maior qualidade do relacionamento amoroso. Mudar implica perdas e riscos, abrir mão de privilégios e questionar as imposições sociais, ter uma atitude criativa e crítica frente à própria vida, deixando de lado falsos mitos de felicidade.
Temos a oportunidade – e o desafio – de inventar o casal, o casamento, a família, a vida que queremos para nós. Nesta invenção, em que os estereótipos sobre “ser homem” e “ser mulher” não deveriam ter lugar, acredito que ganham homens e mulheres que, sentindo-se responsáveis pela construção cotidiana da relação amorosa, não aceitam falsas promessas de uma existência mais fácil e segura, não adotam posturas de vítimas e não gastam suas energias em acusações mútuas, cobranças e chantagens.

domingo, 17 de outubro de 2010

Historia da AVON



Em 1886, nos Estados Unidos, David McConnell resolveu mudar o rumo de seus negócios. Ele vendia livros de porta em porta, em Nova York, e distribuía frascos de perfume como brinde aos seus clientes. Os perfumes faziam mais sucesso que os livros e o visionário McConnell resolveu mudar de ramo. Abriu a Califórnia Perfume Company e convidou Florence Albee para ser a primeira Revendedora Avon. Otimista com o modelo de venda direta, Ms. Albee convidou outras mulheres.
A mudança de nome só aconteceu em 1939, quando a atuação da empresa ampliou, ao atuar em outros estados americanos além da Califórnia. O nome Avon foi inspirado na cidade natal de William Shakespeare, Stratford-On-Avon – uma homenagem ao escritor que McConnell tanto admirava.
Na década de 50, com o crescente sucesso dos perfumes Avon, a empresa resolveu expandir seus negócios e se espalhou rapidamente pelos cinco continentes. Na mesma trajetória de outras grandes companhias, nos últimos anos, a Avon deixou de ser apenas uma empresa multinacional para se transformar em uma organização global. A sede, nos Estados Unidos, funciona hoje como um centro de negócios e as filiais agrupadas atuam como divisões autônomas. Todas operam com produtos testados pela matriz, seguindo as exigências de cada mercado local. Baseadas nesse conceito, as unidades realizam pesquisas técnicas e mercadológicas. Também trocam informações e comercializam entre si matérias-primas e produtos acabados.
A Avon produz perfumes, maquiagem, cremes, loções, produtos para o cabelo, pele e cuidados diários, entre outros itens. Todos os produtos são testados nos mais avançados laboratórios internacionais e seguem rigorosamente as normas do FDA - Food and Drugs Administration - órgão oficial de controle de qualidade dos Estados Unidos. Atualmente, mais de 300 cientistas estão envolvidos em descobertas de novas tecnologias aplicadas em cosméticos.

Compromisso com a independência da mulher
Há mais de um século, McConnell se orgulhava em dizer: “Honraremos as responsabilidades da cidadania corporativa, contribuindo para o bem-estar da sociedade onde trabalhamos e para a preservação do meio-ambiente”. E a Avon faz com que isso aconteça. Principalmente no que diz respeito à mulher.
Além de oferecer produtos de beleza e bem-estar para a total satisfação de sua consumidora, a empresa tem um compromisso social com as mulheres de todo o mundo.
A Avon foi uma das primeiras empresas a oferecer oportunidade para as mulheres conquistarem seu espaço e se tornarem independentes financeiramente. Nos Estados Unidos, elas podiam revender produtos Avon antes mesmo de conquistar o direito ao voto – adquirido somente em 1920. Hoje, a companhia desenvolve diversos programas sociais nos países em que atua com o objetivo de garantir a saúde, o bem-estar e a total inserção da mulher na sociedade.

E a vaidade vence...e ai a moda

Mas apesar da postura radical da igreja e dos costumes rígidos, com os desenvolvimentos científicos o ato de pintar os lábios tornou-se moda desde o século XVII, quando as pomadas coloridas tornaram-se mais acessíveis e seguras. Ainda no século XVI a preocupação com higiene pessoal foi deixada de lado, o que ironicamente contribuiu para o crescimento do uso da maquilagem e dos perfumes.


O primeiro estilista surgiu no século XIX, quando um verdadeiro artista traz uma nova fonte de prestígio à moda; Charles Frederick Worth abriu sua loja em Paris em 1858, para vender modelos de casacos e sedas de primeira classe. 
A imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III era sua mais famosa cliente. Em 1885 é fundada a Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, regulamentando a arte da alta costura. Paul Poiret, Madeleine Vionnet, Coco Chanel, Christian Dior, Cristóbal Balenciaga, Hubert Givenchy são alguns dos nomes que mudaram a história da moda no mundo, causando a necessidade de uma mudança de patamar na indústria de produtos para maquilagem.
Durante os 100 anos seguintes Paris firmou-se como autoridade em moda, trazendo para o mundo da maquilagem um novo alento. Podemos dizer que a popularização da moda aconteceu em 1892, com o lançamento da revista Vogue, tendo em seus primeiros números personalidades como Gertrude Vanderbilt Whitney, vestindo suas próprias roupas. Quando Condé Nasta comprou a revista, em 1909, a publicação passa à ter um enfoque mais atraente, mostrando objetos do desejo para todas as mulheres.

É somente no século XX, com os avanços da indústria química fina, que os cosméticos se tornam produtos de uso geral. Em 1921, Paris é palco de uma verdadeira revolução na história do batom; é primeira vez que um produto desta categoria é embalado num tubo e vendido em cartucho. O sucesso é tal que em 1930 os estojos de batom dominam o mercado americano, trazendo uma nova fase para o desenvolvimento destas formulações. A morena Marilyn Monroe usava maquilagem clara e pintava lábios vermelhos intensos, atraindo e intensificando sua feminilidade.
O maquilador americano Kevyn Aucoin conta que em 1967, ainda criança, quando confundiu a maquilagem branca -rosada intensa de uma vendedora de cosméticos com a aparência deixada pela aplicação de loção de calamina. Esta mistura de óxido de ferro vermelho e óxido de zinco era muito usada, na época, para aliviar o desconforto causado por picadas de insetos. A ingenuidade de Kevyn levou-o à comentar com a moça o quanto ele estava penalizado por sua dor! Como resposta deparou-se com um silêncio sepulcral, que só foi entendido pelo menino quando sua mãe, já a caminho de casa explicou que se tratava de maquilagem e não remédio... Na década de 70 as cores de maquilagem tornaram-se populares, acompanhando as coleções de alta-costura francesa, italiana e inglesa.
Cada vez que um grande costureiro lançava uma nova coleção de cores e formas para as roupas, lá vinha um tom de sombra específico para os olhos, uma nova cor de boca. Dior, Chanel, Yves Saint Laurent e todos os grandes fabricantes ousavam e enchiam os olhos das mulheres de todo o mundo com suas criações cada vez mais tentadoras. E é no final da década de 80 que entram em lançamento as fórmulas evoluídas para cosméticos pigmentados. Às beiras do novo milênio finalmente entram em cena fórmulas baseadas em tecnologia de vanguarda, cujo uso garante propriedades bem interessantes para nossa beleza, como proteção solar, umectação e controle do envelhecimento da pele.
Nos anos 90 a era do benefício visível ganha importância vital. A haute couture toma rumos inteligentes nesta nova era. Estilistas ingleses de vanguarda como John Galliano e Alexander McQueen vêm dar uma ventilada nas conservadoras Dior e Givenchy, alterando mais uma vez a história da moda & make-up. Hoje podemos nos beneficiar do produto que colore e trata a pele, limpa, perfuma e protege os cabelos, como nunca antes na história da humanidade. Yohji Yamamoto, Rei Kawakubo, Helmut Lang e Ann Demeulemeester apontam para uma nova era, a era da Beleza Inteligente, onde cada ser possa encontrar seu equilíbrio na roupa, no cheiro e na cor.

Pele clara, obsessão universal



O Kama Sutra, escrito entre os séculos I e IV, define a mulher ideal como Padmini, aquela que tem "...a pele fina, macia e clara como o lótus amarelo..." No Japão, do século IX ao XII, período de Heian, a valorização da pele branca era regra geral. Para obter a aparência extremamente clara as mulheres aplicavam um pó espesso e argiloso feito de farinha de arroz, chamado oshiroi. Depois passaram também à usar o beni, pasta feita do extrato de açafrão, para colorir as maçãs do rosto.
Aproximadamente em 150AC o físico Galeno criou o 1o creme facial do mundo, adicionando água à cera de abelha e óleo de oliva. Mais tarde o óleo de amêndoas substituiu o azeite e a incorporação de bórax contribuiu para a formação da emulsão, minimizando o tempo de processo. Estava aí a primeira base para sustentar os pigmentos de dióxido de titânio e facilitar a aplicação na face; nascia a base cremosa facial.

E a tentativa pela beleza....continua valendo tudo


Ainda na história da cosmetologia, encontramos a rainha Elizabeth I, que viveu na Inglaterra de 1500. Muitas fragrâncias italianas e francesas eram importadas por ela. Os tratamentos de beleza daquela época também ofereciam riscos: as mulheres aplicavam chumbo branco e mercúrio para obter uma pele pálida. Esses metais eram absorvidos e ocasionavam mortes. 
O chumbo era misturado ao vinagre para formar uma pasta denominada “cerusa”. Esse metal causava queda de cabelo e explicava a “moda” de testas extensas. O óleo à base de ácido sulfúrico (corrosivo), misturado ao extrato de ruibarbo, era usado como tônico e clareador capilar. Obviamente, também causava queda de cabelo. Batons eram feitos com uma mistura de cochonilha (pequeno inseto) e cera de abelha. Sombras brilhosas eram feitas a partir de pó de pérolas. Vinho tinto, leite de burra, água de chuva e até mesmo urina eram usados como clareadores faciais. 
As sardas eram indesejáveis, e um dos remédios para removê-las era a infusão de folhas de sabugueiro com seiva de vidoeiro e enxofre. Tal mistura era aplicada à pele ao luar e removida pela manhã com manteiga fresca. Claras de ovos batidas eram utilizadas como firmadoras da pele. Para combater os efeitos nocivos das pastas de chumbo, máscaras faciais eram feitas à base de raízes de aspargos e leite de cabra e aplicadas com pão morno.
Os cabelos eram lavados a seco com argila em pó. Eram, então, escovados, para que a oleosidade e a sujeira fossem absorvidas. Os penteados exóticos estavam na moda, e um gel capilar era feito à base de dejetos de andorinhas e sebo de lagartixa. 
Tomar banho não era um hábito, pois se acreditava que enfraqueciam o organismo. Era necessário usar perfumes para encobrir os odores. Todos os sabões eram perfumados com essência de lavanda. Na época da Revolução Francesa, as perucas e os cosméticos estavam na moda entre homens e mulheres. Era muito comum manter o cabelo curto e sujo por baixo da peruca, embora o xampu já tivesse sido inventado. As perucas eram feitas de lã e gordura animal e eram altamente inflamáveis.
Os benefícios estão sempre atrelados aos riscos. Passados 400 anos, a humanidade continua buscando recursos para se embelezar. A essa busca, agregamos a necessidade de determinar a segurança daquilo que nos torna mais belos.


A evolução Cosmetológica


Durante a dominação Grega na Europa, 400 aC, os cosméticos tornaram-se mais do que uma ciência, estavam menos conectados aos religiosos do que aos cientistas, que davam conselhos sobre dieta, exercícios físicos e higiene, assim como, sobre cosméticos. 
Nos manuscritos de Hipócrates, considerado o pai da medicina, já se encontravam orientações sobre higiene, banhos de água e sol, a importância do ar puro e da atividade física. Nesta época, século II aC, venerava-se uma deusa da beleza feminina, chamada Vênus de Milo.
Na era Romana, por volta do uno 180 dC, um médico grego chamado Claudius Galen realizou sua própria pesquisa científica na manipulação de produtos cosméticos, iniciando assim a era galênica dos produtos químico-farmacêuticos. Galen desenvolveu um produto chamado Unguentum Refrigerans, o famoso Cold cream, baseado em cera de abelha e bórax.
Os famosos banhos romanos eram centro de discussões e reuniões sociais para os senadores e aristocratas da época, mas caíram posteriormente em atos imorais condenados pela religião.
Também nesta época surgiu à alquimia, uma ciência oculta que se utilizavam de formulações cosméticas para atos de magia e ocultismo. Também foi nesta época que Ovídio escreveu um livro voltado a beleza da mulher "Os produtos de beleza para o rosto da mulher”, onde ensina a mulher a cuidar de sua beleza através de receitas caseiras.
Com a Idade Média vieram os anos de clausura para a ciência cosmética, um período em que o rigor religioso do cristianismo reprimiu o culto à higiene e a exaltação da beleza, impondo recatadas vestimentas. Esta época também chamada de "Idade das Trevas" foi muito repressiva na Europa, onde o uso de cosméticos desapareceu completamente, por isso também é chamada de "500 anos sem um banho".
As Cruzadas devolveram a este período os costumes "do culto à beleza e a ternura", que se incluíam os cosméticos e os perfumes.
Com o Renascentismo e com o descobrimento da América, no século XV, percebemos o retorno à busca do embelezamento. Todos os costumes e hábitos de vida da época são retratados pelos pintores, como por exemplo, a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, que retrata a mulher sem sobrancelhas, face ampla e alva, de tez suave e delicada.
 Miguelangelo também retrata na Capela Cistina os anjos, apóstolos, Maria - mãe de Jesus - e outros personagens, de forma clara, jovial cuja beleza é exaltada em sua plenitude. Porém, a falta de higiene persiste e os perfumes são criados para mascarar o odor corporal.

Durante a Idade Moderna, séculos XVII e XVIII, notam-se a crescente evolução dos cosméticos e também da utilização de perucas cacheadas. Neste período ainda persistiam os costumes de não tomar banho regularmente, o que proporcionou o crescimento da produção de perfumes, tornando-se de grande importância para a economia francesa desde o reinado de Luiz XIV. Contudo, o grande salto dos perfumes se deu quando Giovanni Maria Farina, em 1725, estabeleceu-se em Colônia, na Alemanha. Lá ele desenvolveu a famosa “água de colônia"
Farina  Criador do 1º perfume
No final deste século, os Puritanos, liderados por Oliver Cromwell, trouxeram um outro período, no qual o uso de cosméticos e perfumes ficou fora de moda. Este, talvez, tenha sido o período mais negro da história dos cosméticos, principalmente quando o Parlamento Inglês em 1770 estabeleceu que: "Qualquer mulher... que se imponha, seduza e traia no matrimônio qualquer um dos súditos de Sua Majestade, por utilizar perfumes, pinturas, cosméticos, produtos de limpeza, dentes artificiais, cabelos falsos, espartilho de ferro, sapatos de saltos altos, enchimento nos quadris, irá incorrer nas penalidades previstas pela Lei contra a bruxaria.... e o casamento será considerado nulo e sem validade."

sábado, 5 de junho de 2010

Ideal de beleza no Egito e Roma

Dizia-se que Popéia tinha a pele muito branca graças ao resultado de constantes banhos em leite de jumenta. Ela lançou moda e todas as romanas abastadas eram dadas às máscaras noturnas, onde ingredientes como farinha de favas e miolo de pão se combinavam ao leite de jumenta diluído para formar papas de beleza. Mas a verdade é que a bela complementava seus tratamento de clareamento da pele maquilando as veias dos seios e testa com tintura azul. Esta aparência translúcida foi imitada em misturas de giz, pasta de vinagre e claras de ovos durante muitas décadas.
Conta a lenda que Psyché foi buscar no inferno o segredo da pele branca da deusa Vênus, trazendo a cerusa, ou alvaiade, para compor suas fórmulas mágicas. Até a Renascença italiana esse mesmo alvaiade era usado durante o dia pelas lindas mulheres nobres, que à noite cobriam suas faces com emplastros de vitelo crú molhado no leite afim de minimizar os efeitos nocivos causados pelo alvaiade. O Kama Sutra, escrito entre os séculos I e IV, define a mulher ideal como Padmini, aquela que tem "...a pele fina, macia e clara como o lótus amarelo..." No Japão, do século IX ao XII, período de Heian, a valorização da pele branca era regra geral. Para obter a aparência extremamente clara as mulheres aplicavam um pó espesso e argiloso feito de farinha de arroz, chamado oshiroi. Depois passaram também à usar o beni, pasta feita do extrato de açafrão, para colorir as maçãs do rosto.

Ainda no Egito - Cosmetologia IV

A civilização egípcia ostentava grande conhecimento em pinturas para os olhos e para a face, e em óleos para o corpo e unguentos. Homens e mulheres usavam maquiagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas higiênicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquita) e negra. Óleos e cremes eram aplicados no cabelo e na pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios raspavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas. Nessa cultura a beleza física, tanto de homens como de mulheres, era realçada com o uso de pinturas à base de hena, sobretudo em torno dos olhos e nas unhas.
A maquiagem era empregada em cadáveres, pois se acreditava que, ao ressuscitarem, precisariam estar belos. Todavia, os restos mortais encontrados em tumbas revelam que a maioria dos materiais usados eram brutos, como sulfeto de chumbo e carvão, e, provavelmente, causavam irritação ocular. Pinturas marrom-avermelhadas para a face continham grande quantidade de ferro. Diz-se que o batom de Cleópatra era feito de besouros vermelhos finamente triturados, que resultavam em um pigmento vermelho-intenso, que era misturado com ovos de formiga. Certamente, os efeitos tóxicos dessas misturas foram sentidos “na pele”.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Inicio de Tudo – Pré história e Egito Cosmetologia Parte III

A cosmetologia está relacionada com a história do ser humano, tão intimamente, que não se pode definir seu início. Desde a pré-história têm-se percebido cuidados para manter a pele íntegra. Os homens que habitaram cavernas já se utilizavam de tintas para pintar seus rostos e diferenciar-se dos demais.
Correlacionando a história do ser humano com a cosmetologia, podemos perceber uma preocupação com a organização de sensações, as quais eram mantidas pela aplicação de produtos sobre a pele. Torna se assim pouco mais compreensivo o poder da cosmética, pois aqueles que mais se preocupavam com a aparência da pele, usando recursos cosméticos, conseguiram aumentar sua alto-estima, aumentando assim seu controle sobre o corpo, equilibrando as energias e desenvolvendo uma melhor qualidade de vida.
Tais costumes eram tão mais nítidos que até as pinturas nas tumbas e catacumbas de pessoas influentes nos sistemas de sociedade da época, eram tratadas com maior cuidado para representarem o poder que em vida, o corpo, dentro embalsamado, continuasse representando.
O uso de cosméticos e portanto, a história da cosmetologia remonta há pelo menos 30.000 anos. Os homens da pré-história faziam gravações em rochas e cavernas, e também pintavam o corpo e se tatuavam.
Rituais tribais praticados pelos aborígines dependiam muito da decoração do corpo para proporcionar efeitos especiais, como a pintura de guerra. A religião era, também, uma razão para o uso desses produtos: Cerimônias religiosas freqüentemente empregavam resinas e ungüentos de perfumes agradáveis. A queima de incenso deu origem à palavra perfume, que no latim quer dizer “através da fumaça”.
Que tal uma viagem ao passado quando tudo começou??? Quando os recursos eram bem diferentes do que conhecemos hoje...
Estamos a muitos séculos antes de Cristo, na bíblia do velho testamento. Aqui encontramos diversos relatos de rainhas como Jezabel, Ester e Semíramis que já se utilizavam dos “extratos de embelezamento” para se tornarem mais bonitas e envolventes.
Cleópatra, a lendária rainha do Egito que viveu meio século antes de Cristo, utilizava-se de lamas do rio Nilo e leites de animais para deixar a pele mais fresca e mais jovem, cuidados estes que a consagraram como símbolo da beleza eterna.
Aparentemente os Egípcios foram os primeiros usuários de cosméticos e produtos de toucador  em larga escala. Alguns minérios foram usados como sombras de olhos e Rouge, assim como usavam extratos vegetais, como a henna. No entanto, os cuidados no Egito não se limitavam somente às mulheres. Pasmem! Já existiam os metrosexuais...Os faraós eram muito preocupados com a aparência e acreditavam que até mesmo depois da morte poderiam permanecer belos. 

Os faraós eram sepultados em sarcófagos que continham tudo o que era necessário para se manter belo. No sarcófago de Tutankamon (1400 aC) foram encontrados cremes, incenso e potes de azeite usados na decoração e no tratamento.
Vamos um pouco mais adiante, agora estamos na era medieval. Em busca de uma pele mais viçosa e driblando os poucos recursos da época , as damas da antiga sociedade grega e romana chegavam a utilizar as fórmulas mais absurdas e inimagináveis possíveis, tais como:
·         excremento de crocodilo misturado com água de flores
·         Pomadas compostas de gordura de pato,ungüento rosado e aranha amassada
·         máscaras de sopa de pão com leite de burra 
·         pombo triturado com pérolas em pó, mel e cânfora  até uma loção de sangue de avestruz misturado com orvalho fresco e urina de elefante

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cosmetologia Parte II

Visão Filosófica
 Por definição, cosmetologia compreende o estudo do cosmos. A palavra Kosmos, do grego antigo, da qual deriva o nosso “cosmos”, significava, originalmente, ordem e arranjo e se aplicava à ordem em que todas as coisas se organizavam.
Entre 450 a 400 antes da era cristã, o filósofo Demócrito, citava que tudo está contido em um outro todo, ou seja, cada cosmos é finito e está contido em outro cosmos. Tal afirmação contradizia outros filósofos como: Tales (625 a 550 a.c.), Pitágoras (575 a 500 a.c.), Sócrates (450 a 400 a.c.), que afirmavam até então que o cosmos era infinito.
Originaram-se então os estudos em cosmologia, que com o avanço das tecnologias, a era atômica concluiram que a afirmação de Demócrito fazia maior sentido.
Com os estudos das tecnologias surgiu a idéia de que “todo ser animado ou não, é um cosmos”, possui uma gigantesca quantidade de partículas e estas agrupadas geram um “mundo” em ordem, que retorna ao sentido original da palavra Kosmos.
Visão antiga chinesa
Os chineses compreendiam o sentido da cosmologia, descreveram o ser humano como parte de um cosmos (mundo) e sob esse ponto de vista, que também o ser humano abriga um mundo interno (cosmos interno).

A divisão do mundo à luz da cosmologia, então estaria entre cosmos interno e externo.

Os chineses caracterizaram também que a divisão destes dois mundos era feita por uma fina membrana, a qual chamamos atualmente de pele.

Existem inúmeras linhas de pensamentos, vertentes mais comerciais e o mundo capitalista tentam modificar o sentido real da cosmologia, introduzindo o conceito de cosmética num plano de igualdade de sentido.

Entendemos que a cosmetologia tem assim um ângulo de visão diferente, afinal ela está contida na cosmologia, e abrange o estudo do uso dos produtos desenvolvidos.
Sob o ponto de vista dos antigos chineses, podemos então, entender a crescente preocupação do ser humano com a pele.
É ela que assegura a integridade física do nosso cosmos interno, protegendo das agressões do cosmos externo e garantindo a manutenção de todos os órgãos internos.
O maior órgão do corpo é a pele e ao identificar a sua importância, o homem passou o desenvolver produtos que proporcionam, cada vez mais, a integridade da mesma.